domingo, 31 de maio de 2009

Rio das Flores, Miguel de Sousa Tavares


A saga de uma família alentejana com origens sevilhanas, os Ribera Flores, proprietários rurais que vivem por e para a terra. Os filhos de Manuel Ribera Flores, Pedro e Diogo, são dois irmãos com maneiras de viver e de estar completamente antagónicas. Diogo vive sufocado num Portugal salazarista e, desafiando todos os valores conservadores da sua tradicional família alentejana, encanta-se de amores por Amparo, uma cigana com a qual acaba por casar. Mas a sua sede de liberdade, com o passar dos anos, fá-lo fugir para o Brasil dos seus sonhos, em busca de um Mundo Novo. E o seu medo inicial, quando afirma "tenho medo que a liberdade se torne um vício", acaba por se confirmar. Diogo troca a sua maravilhosa e sensual Amparo pela mulata benedita e deixa a terra que o viu nascer pelo novo e desconhecido Brasil. Pedro, por seu turno, mais de acordo com a ideologia do Estado Novo, ama a sua terra e defende os seus ideais até às últimas consequências. Após um desgosto de amor com a "livre" Angelina, Pedro acaba por se ver envolvido na guerra civil de Espanha, lutando pelos ideais de direita, que sempre defendeu. Curioso como Diogo, o defensor da liberdade, se limitou a abandonar o país sem lutar por nada enquanto Pedro e Amparo se sacrificaram para que ele fosse livre. Como aconteceu com Luís de Sttaw Monteiro em felizmente há luar que, ao retratar os miguelistas / absolutistas, não tinha outro intuito que o de denunciar o regime de Salazar, aqui, Miguel de Sousa Tavares, numa brilhante reconstituição dos tempos que precederam a ditadura de Salazar, parece denunciar a situação que actualmente se vive em Portugal.
Bom retrato do período em que se viveu a II Grande Guerra.
"No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho".
Aconselhável a todos os amantes de boa Literatura!
Delfina Vernuccio

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