segunda-feira, 30 de março de 2015

Sonolência

Sonolência

Sobre os lençóis
desalinhados
do solitário leito,
anoitece
e cai o corpo,
cansado de viver…
Lentas e arrastadas,
as horas corrompem
o ato de adormecer.
Esgotado,
o sonho amanhece
com fome de vida
e o pão sabe a paz
partilhada.
Na língua envelhecida,
o ázimo sal
profana as memórias
e todo aquele mar
da cidade
onde nasceu
invade os olhos
da mulher
que os encerra
e revivadormece
pela última vez.


                                                                       Delfina Velez Vernuccio

quinta-feira, 26 de março de 2015

Mulher

Tu,
que aspiras
as dores
do teu filho acamado,
tu,que ensaboas
com a roupa
as tuas lágrimas,
tu,que nas pontas dos dedos
és o fogo
que alimenta
o forno do pão,
no poço da casa velha
lavas os cabelos
vermelhos de sangue
e no teu luto
és festa
para quem se aconchega
no teu ventre
e se aninha
nas tuas entranhas
abertas ao amor.

Delfina Vernuccio, in Fragmentos de um deus inacabado

quarta-feira, 25 de março de 2015

Mãe

Mãe


Da semente
do teu ventre
brotam fluxos
de vida
e alimentas
a humanidade.
Da seiva
dos teus seios
jorram águas
do Jordão
e dás de beber
ao novo projecto
de Deus.


In , Fragmentos de um deus inacabado, à venda em www.wook.pt

quarta-feira, 18 de março de 2015

Entre o Sono e o Sonho


A minha participação é pequenina, mas lanço o convite a todos os que quiserem estar presentes... e sim, uns aninhos depois a Literatura voltou a chamar por mim... eu aceitei o convite!!!