História de Natal para o meu filho
É uma vez...
- Não, mãe, não é assim que começam os contos para crianças... Não é uma vez; “era uma vez!”
_ Bem sei, filho, mas este conto foge à regra porque a história que te vou contar ainda é e será por muito tempo!
É uma vez um menino que quer aprender música e pede um violino ao Pai Natal. Nesse ano o velho barbudo anda em discussões com o Menino Jesus, que chegou primeiro e reclama o seu devido lugar na história do Natal. É uma vez um Pai Natal com uma barba por fazer há milénios, uma barba muito maior que a do pai, enfatiado numa janota indumentária encarnada e com um saco repleto de playstations para os meninos que se portaram bem e MP4’s para os que se protaram menos bem.
- Mas eu quero um violino, mãe!
- Eu sei, filho, mas enquanto o Pai Natal e o Menino Jesus não resolverem a contenda, deixa-me contar-te a história do é uma vez.
- Está bem, mãe!
- É uma vez esse Pai Natal que invade as televisões e os centros comerciais, todo bem vestido e cheiroso, todo falinhas mansas para as mães porque tem que as convencer a colaborar na factura dos presentes, já que ele, o velho barbudo, há muito que está na idade da reforma e não ganha para os gastos. Tornou-se, com a idade, um velhote cansado, sempre com lamentações... que as crianças pedem muitas coisas, que ele já não aguenta o peso do seu saco repleto de materialismo, que as renas entraram em greve, que o seu contrato é precário, que a fábrica dos brinquedos está à beira da falência...
- O que é falência, mãe?
- Falência é quando a fábrica fecha e os gnomos ficam sem trabalho...
- Sem trabalho? Mas o Natal está quase a chegar! A fábrica não pode fechar!
- Não, filho! O Natal já chegou! Tu é que não o viste!
- E a falência, mãe?
- A falência ainda não chegou, mas deve estar para breve. Os meninos já não pedem brinquedos, filho... Brinquedos eram coisas que se faziam no meu tempo, que serviam para brincar!
- Então já não há brinquedos lá nessa fábrica?
- Há poucos, filho. Os gnomos são da geração dos elfos. Sabem fazer bolas e bonecas, sabem fazer brinquedos! Entendes?
- Não, mãe!
- Um brinquedo serve para te divertires a imaginar, para brincares ao faz de conta!
- O que é isso, mãe?
- Vês como o Natal já chegou e tu é que não o viste?
- E o Menino Jesus, mãe? Ele sabe fazer jogos para o Game Boy?
- Sabe, filho, mas não quer! É por isso que ele e o Pai Natal se zangaram! O Menino Jesus quer que se façam brinquedos para brincar, para criar, para partilhar com os amigos e o Pai Natal jura a pés juntos que esses brinquedos já não têm saída.
- E achas que eles se vão entender antes do Natal, mãe?
- Não sei, filho, mas diz-me: para que queres o violino?
- Para tocar uma música que chegue ao céu!
- Acho que mesmo que os dois não se entendam, o Menino Jesus vai arranjar maneira de nascer outra vez para ti!
- E a história que me ias contar, mãe?
- A história? É uma vez um menino que nasce numa gruta, em Belém, e pelo seu nascimento recebe quatro presentes.
- Quatro? A minha professora ensinou-me que eram três!
- Três?
- Sim! Ouro, incenso e mirra!
- A tua professora esqueceu-se de um, filho!
- Qual, mãe?
- A música do violino que chega ao céu!
- Feliz Natal, mãe!
- Feliz Natal, filho!
7 Novembro 2009
É uma vez...
- Não, mãe, não é assim que começam os contos para crianças... Não é uma vez; “era uma vez!”
_ Bem sei, filho, mas este conto foge à regra porque a história que te vou contar ainda é e será por muito tempo!
É uma vez um menino que quer aprender música e pede um violino ao Pai Natal. Nesse ano o velho barbudo anda em discussões com o Menino Jesus, que chegou primeiro e reclama o seu devido lugar na história do Natal. É uma vez um Pai Natal com uma barba por fazer há milénios, uma barba muito maior que a do pai, enfatiado numa janota indumentária encarnada e com um saco repleto de playstations para os meninos que se portaram bem e MP4’s para os que se protaram menos bem.
- Mas eu quero um violino, mãe!
- Eu sei, filho, mas enquanto o Pai Natal e o Menino Jesus não resolverem a contenda, deixa-me contar-te a história do é uma vez.
- Está bem, mãe!
- É uma vez esse Pai Natal que invade as televisões e os centros comerciais, todo bem vestido e cheiroso, todo falinhas mansas para as mães porque tem que as convencer a colaborar na factura dos presentes, já que ele, o velho barbudo, há muito que está na idade da reforma e não ganha para os gastos. Tornou-se, com a idade, um velhote cansado, sempre com lamentações... que as crianças pedem muitas coisas, que ele já não aguenta o peso do seu saco repleto de materialismo, que as renas entraram em greve, que o seu contrato é precário, que a fábrica dos brinquedos está à beira da falência...
- O que é falência, mãe?
- Falência é quando a fábrica fecha e os gnomos ficam sem trabalho...
- Sem trabalho? Mas o Natal está quase a chegar! A fábrica não pode fechar!
- Não, filho! O Natal já chegou! Tu é que não o viste!
- E a falência, mãe?
- A falência ainda não chegou, mas deve estar para breve. Os meninos já não pedem brinquedos, filho... Brinquedos eram coisas que se faziam no meu tempo, que serviam para brincar!
- Então já não há brinquedos lá nessa fábrica?
- Há poucos, filho. Os gnomos são da geração dos elfos. Sabem fazer bolas e bonecas, sabem fazer brinquedos! Entendes?
- Não, mãe!
- Um brinquedo serve para te divertires a imaginar, para brincares ao faz de conta!
- O que é isso, mãe?
- Vês como o Natal já chegou e tu é que não o viste?
- E o Menino Jesus, mãe? Ele sabe fazer jogos para o Game Boy?
- Sabe, filho, mas não quer! É por isso que ele e o Pai Natal se zangaram! O Menino Jesus quer que se façam brinquedos para brincar, para criar, para partilhar com os amigos e o Pai Natal jura a pés juntos que esses brinquedos já não têm saída.
- E achas que eles se vão entender antes do Natal, mãe?
- Não sei, filho, mas diz-me: para que queres o violino?
- Para tocar uma música que chegue ao céu!
- Acho que mesmo que os dois não se entendam, o Menino Jesus vai arranjar maneira de nascer outra vez para ti!
- E a história que me ias contar, mãe?
- A história? É uma vez um menino que nasce numa gruta, em Belém, e pelo seu nascimento recebe quatro presentes.
- Quatro? A minha professora ensinou-me que eram três!
- Três?
- Sim! Ouro, incenso e mirra!
- A tua professora esqueceu-se de um, filho!
- Qual, mãe?
- A música do violino que chega ao céu!
- Feliz Natal, mãe!
- Feliz Natal, filho!
7 Novembro 2009
Andava à procura de outra coisa(?!?!) e encontrei este preciosíssimo conto, que só uma Mãe poderia escrever, perdão contar. Parabéns (e ficamos à espera de mais).
ResponderEliminarobrigada pelo comment... confesso que não tenho o tempo que desejaria para a escrita, mas de vez em quando sabe-me bem deixar por aqui umas palavritas. Quando há alguém que as leia, tanto melhor!!!
ResponderEliminarLiiiindo.... Obrigado
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