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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Uma releitura de Os Maias
Voltar aos meandros desta obra prima do Realismo português foi uma experiência irrepetível. Foi o reconhecer de que Os Maias é, de facto, uma das grandes obras da Literatura Universal.
Mergulhar na intriga foi como entrar na máquina do tempo, retrocedendo aos meus catorze anos, quando tão orgulhosamente representei, na escola, a personagem de João da Ega, ao qual, até à data, me mantenho fiel.
O jantar no Hotel Central, para além de ser um desfile de várias personagens masculinas, representa as diversas posições político-literárias da época. O aceso “debate” entre João da Ega (defensor da Ideia Nova) e Alencar, é um dos momentos mais empolgantes deste capítulo VI, que continua a ser um dos meus predilectos.
A inigualável escrita de Eça, de uma ironia por vezes quase a roçar o mordaz, faz-me lembrar que houve épocas em que a Literatura era levada a sério e não se vendia ao kg nas prateleiras dos supermercados.
Não querendo refugiar-me no espírito sebastianista, tão tipicamente português, a verdade é que, no que à Literatura respeita, o mundo foi perdendo qualidade e rigor. Quanto a mim, quanto mais avanço no tempo mais me apetece reler os clássicos, de Eça a Victor Hugo, de Shakespeare a Wilde, num elenco de nomes que, felizmente, ainda vai sendo suficientemente grande para me preencher os olhos e o espírito de boa Literatura.
Vou, então, encerrar este capítulo e bater à porta da Vila Balzac, na Penha de França, onde o meu Ega, mefistofélico, dará um retoque luminoso à minha alegria de o reler…
Delfina Velez Vernuccio
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